As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade, sendo responsáveis por cerca de 70% do total de óbitos anual mundialmente1. No Brasil, a situação não é diferente – estima-se que 41,8% do total de mortes prematuras (entre 30 e 69 anos) tenha ocorrido devido à DCNTs, com destaque para doenças cardiovasculares2.
Doenças Crônicas não Transmissíveis são responsáveis por:
- 70% do total de óbitos anual mundialmente
- 41,8% do total de mortes prematuras (entre 30 e 69 anos) no Brasil
Considerando a importância de fatores dietéticos na prevenção e desenvolvimento de doenças cardiovasculares, o Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-DA) lança o Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, que tem por objetivo orientar os profissionais de saúde no entendimento sobre as ações dos diferentes ácidos graxos e propor medidas dietéticas adequadas para prevenção e controle de doenças cardiovasculares.3
As diretrizes subsequentes publicadas pela American Heart Association (AHA) e as orientações do Dietary Guidelines for Americans 2015-2020 mantiveram a linha para a prevenção cardiovascular, recomendando limite máximo de 35% do valor calórico total (VCT) da dieta proveniente de gorduras, podendo variar conforme o perfil lipídico de cada indivíduo.
Dentre as gorduras, recomenda-se uma ingestão de no máximo 10% do VCT para gorduras saturadas, a priorização do consumo de MONOINSATURADAS e POLIINSATURADAS e a retirada total de ácidos graxos trans da dieta, o que converge para as orientações da AHA quanto ao perfil lipídico recomendado para uma dieta saudável.
Fontes de lipídios – óleos vegetais e gorduras de origem animal
Em meio aos alimentos fontes de lipídios, são citados os óleos vegetais. Nessa categoria, destacam-se os óleos de soja, canola e milho, os quais apresentam boa distribuição de ácidos graxos, sendo que o óleo de soja e canola apresentam vantagem adicional ao milho pelo menor teor de ácidos graxos saturados e maior conteúdo de ALA (ω3), o qual é essencial para humanos e é precursor de EPA e DHA, também encontrados em peixes.
Falando de fontes animais de gorduras, o posicionamento aponta que o uso de manteiga deve estar inserido em padrão alimentar saudável e individualizado, considerando o valor calórico agregado, e buscando adequação do peso quando necessário, mas enfatizam que óleos vegetais, fontes de ω3 e ω6, não devem ser substituídos por gorduras de origem animal devido ao alto teor de gorduras saturadas nelas presente e por não fornecerem quantidades adequadas de ácidos graxos essenciais à dieta.
Em relação à gordura interesterificada, até o presente momento, não há evidências científicas que permitam concluir o efeito do processo de interesterificação sobre parâmetros metabólicos e de desenvolvimento da aterosclerose e desfecho cardiovascular.
O posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia segue em linha com as Diretrizes Internacionais, preconizando a retirada de gorduras trans da dieta, o estímulo ao consumo de ácidos graxos insaturados e a restrição da ingestão de gorduras saturadas, mas ressalta que o efeito do consumo de ácidos graxos depende do perfil alimentar no qual se inserem.