Há tempos que as dietas vegetarianas são vistas como potentes em relação a saúde cardiovascular. Mas, ainda que essa informação possa estar correta, o que os estudos de fato têm observado? Vamos entender!
A dieta vegetariana é caracterizada pela alimentação isenta de carnes e derivados, aves, frutos do mar e carne de qualquer outro animal1. Os motivos para a adoção desse perfil alimentar são diversos, abrangendo desde motivações éticas, crenças religiosas, questões ambientais e culturais, até aspectos relacionados à saúde2. Os benefícios da dieta vegetariana para a saúde foram amplamente relatados por estudos de coorte prospectivos e transversais durante os últimos 50 anos, mas algumas limitações, como por exemplo, tamanho da amostra e metodologia impossibilitaram grandes conclusões3.
O que dizem os estudos:
Uma recente pesquisa4 (revisão sistemática com metanálise) observou a associação entre dietas vegetarianas e veganas e vários resultados de saúde, incluindo fatores de risco para doenças crônicas, bem como incidência e mortalidade por doenças cardiocerebrovasculares e neoplásicas. A análise obteve de 98 estudos transversais e 10 estudos prospectivos de coorte, uma amostra de mais de 130.000 vegetarianos e 15.000 veganos. Os resultados observados, destacaram que vegetarianos e veganos, apresentaram menor fator de risco para desenvolver doenças crônicas, e melhores resultados em relação ao índice de massa corporal (IMC), variáveis lipídicas e glicemia de jejum, quando comparados a não veganos e não vegetarianos. O estudo também pode observar menor incidência de doença isquêmica do coração (-25%).
A hipótese para esses resultados consiste principalmente na(o):
- Menor ingestão de gorduras totais e saturadas;
- Alto consumo de soja, legumes, nozes e óleos vegetais;
- Menor consumo energético geralmente relatado por essas populações.
Outros pesquisadores também corroboram com esses achados, inclusive, para resultados com a diabetes, outro desfecho, que está intimamente relacionado com o risco de desenvolver doença cardiovascular (DCV)5. A metanálise investigou a associação entre a dieta vegetariana e o risco de diabetes com base em 2 estudos do tipo coorte6, 7 e 12 estudos transversais3, 8-14. Os resultados indicaram que a dieta vegetariana estava inversamente associada ao diabetes. E os alimentos como grãos inteiros, frutas e vegetais (em particular, raízes e verduras com folhas, que são ricos em fibras dietéticas, beta-caroteno, vitamina C e magnésio) seriam possivelmente os responsáveis pelos efeitos benéficos na prevenção do diabetes15-18.
Ainda que os resultados possam descrever benefícios da dieta vegetariana, as limitações dos estudos analisados, também precisam ser levedas em consideração. Ou seja, os estudos sugerem melhorias em parâmetros correlacionados com as DCV e inclusive, com a doença isquêmica do coração e a diabetes, mas deixam claro, a importância de serem realizados mais estudos para que se possa fortalecer esses achados.